Uma Visão sobre a Afetividade, a Sexualidade e as Drogas no Início da Puberdade

19/06/2010 19:29

             Atualmente, cada vez mais há a precisão de explicar e trabalhar temas relacionados à afetividade, à sexualidade e às drogas, à medida que as crianças e pré-adolescentes entram na puberdade, levando em conta que estes estão assumindo comportamentos da fase da adolescência mais cedo que outrora, como ocorria há algumas gerações atrás.

             Essas transformações que vem ocorrendo com as novas gerações, devem-se em partes, ou em maior parte, pelo fenômeno mundial da globalização, principalmente através dos meios de comunicação de massa: internet, televisão, celular, vídeo-game, rádio, etc. Outros fatores, tais como a gravidez precoce e a prostituição infanto-juvenil principalmente, a violência sexual no âmbito da família, as desigualdades sociais, a falta perspectivas de inserção social, entre outros.

            Com isso, também as iniciações na vida sexual estão começando de maneira precoce. Adolescentes precisam estar preparados para lidar com a sexualidade de maneira consciente e responsável. Muitos deles procuram esclarecimentos e acabam recorrendo a colegas que sabem tão pouco quanto eles.

             Por outro lado, a pressão do grupo do qual fazem parte, às vezes, é razão suficiente para que assumam comportamentos e atitudes ainda que não tenham maturidade para arcar com as suas consequências. A sociedade cobra dos pais o comportamento dos filhos, porém, esquece muitas vezes que cada sujeito é um ser único, com particularidades.

             Entretanto, é comum pensarmos que todos têm acesso à informação, mas isso não é tão simples. Se um adolescente vai pesquisar sobre sexualidade, comportamento sexual, métodos anticoncepcionais, muitos adultos não têm compreensão e os adolescentes, ou pré-adolescentes, são tratados como se estivessem fazendo algo de errado ou proibido.

            Nessa fase, alguns adolescentes, ou até mesmo pré-adolescentes, pelo despreparo e curiosidade aflorada, têm sua primeira relação sexual, nem sempre em local seguro, confortável ou de maneira adequada, o que por sua vez, pode resultar na gravidez precoce e, ainda, transmitir doenças sexualmente transmissíveis.

             Da mesma forma que a sexualidade está se aflorando, a necessidade de autoafirmação, de pertencimento ou desinibição também está. Há também a apresentação ao mundo das drogas como ‘válvula de escape’ para os indivíduos mais inseguros e curiosos. A falta de limites no processo de desenvolvimento é um fator bastante citado entre os profissionais da educação, e muitos buscam suprir essas ausências e incapacidades de lidar com as frustrações através das drogas.

             Em muitas situações, o uso de drogas torna-se o veículo onde o adolescente grita por limites ausentes ou sem imposições de regras sociais. O adolescente precisa de limites claros. Muitos familiares tendem a ignorar o fato, reconhecendo a problemática apenas quando esta se agrava e foge do controle.

             Entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, as mais importantes são as emoções e sentimentos associados a intenso sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansiedade exacerbada, baixa autoestima e, em suma, a carência de afetividade, o que favorece o encurtamento da sua rede social e suas relações com o social.

             Desta maneira, é nessa fase, quando os filhos despertam para sair com amigos, sem a vigilância dos pais ou responsáveis, que geralmente ocorrem às primeiras ingestões ou consumo de alguma droga. Muitas vezes aparecem na adolescência como uma ponte que permite o estabelecimento de laços sociais, propiciando ao indivíduo o pertencimento a um determinado grupo de iguais, ao tempo que busca novos ideais e novos vínculos, diferentes do seu grupo familiar de origem. Alguns adolescentes não conhecem ou não percebem os riscos do uso de drogas e seus efeitos.

            Contanto, nesse momento, é essencial que a criança ou o adolescente tenha o fortalecimento da personalidade individual, que possa sanar suas dúvidas referentes às causas das drogas e sua sexualidade, enfaticamente, e assim, ter condições de escolha com mais facilidade através de seus conhecimentos e informações consideráveis, no desenvolvimento de sua consciência, seus valores próprios que o subsidiarão em suas escolhas, nas suas relações sociais e na direção de sua vida como um todo.

 

 

Referências Bibliográficas:

 

CANO, Maria A. T.; FERRINI, Maria das Graças C.; GOMES, Romeu. Sexualidade na Adolescência: um Estudo Bibliográfico. Revista Latino-Americana de Enfermagem: Robeirão Preto, 2000.

CAVALCANTE, Maria B. de P. T.; ALVES, Maria D. S.; BARROSO, Maria G. T. Adolescência, Álcool e Drogas: uma Revisão na Perspectiva da Promoção da Saúde. Revista de Enfermagem, 2008.

GOMES, Waldelene de A. Nível de Informação sobre Adolescência, Puberdade e Sexualidade entre Adolescentes. Jornal de Pediatria: Porto Alegre, 2002.

RAMOS, Jiane T.; ANDRADE, Elivete C. de. A Adolescência e a Experiência Relacionada à Sexualidade e às Drogas. 2010. p. 6-8.

MS (Ministério da Saúde). Normas de Atenção à Saúde Integral do Adolescente. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde, vol. I e II, 1993.

CARVALHO, Alysson M.; RODRIGUES, Cristiano S.; MEDRADO, Kelma S. Oficinas em Sexualidade Humana com Adolescentes. Estudos de psicologia. Natal, p. 377-384. 2005.

 

 

(Artigo breve elaborado em 2011, UNOCHAPECÓ, São Lourenço do Oeste).

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