Relato de Vivência Psicodramática Realizada com uma Turma de Psicologia
YOZO, R. Y. K. 100 Jogos Para Grupos: uma abordagem psicodramática para empresas, escolas e clínicas. São Paulo: Ágora, 1996.
O Jogo Dramático, no psicodrama, apresenta diversas formas e variações de interpretação. É possível encontrar, nos livros e escritos de psicodrama, duas facetas: uma direcionada ao âmbito terapêutico e a outra, ao aplicado. O propósito é ampliar a conceituação e o uso dos jogos dentro do último âmbito. No entanto, encontramos alguns teóricos que transitam entre ambos.
Conforme Rodrigues (1994, p. 3-4), “um jogo é dramático porque o prazer, a diversão, se origina fundamentalmente da representação. Ainda que o jogo possa envolver competição, acaso ou habilidade, o foco do prazer do jogo não está em competir, ter sorte ou acertar”. A autora continua, “o jogo dramático, como qualquer jogo, tem o objetivo de brincar, expandir, relaxar e obter prazer”.
Enquanto isso, Castanho (...), afirma:
[...] o jogo dramático não é apenas aquele que é dramatizado. Não consideramos uma brincadeira infantil de fadas ou de super-heróis como jogo dramático, embora seja jogo, haja dramatização e envolvimento com a fantasia. É preciso haver a dramatização e o compromisso dos jogadores em viver algo que os comove, que os arrebata, que os envolve num conflito. (CASTANHO, [s.l.], p. 314.)
Ademais, outra característica essencial, para o Diretor e/ou para os participantes, é o conceito de espontaneidade proposto por Moreno, que seria “a resposta de um indivíduo ante uma situação nova e a nova resposta e uma situação velha” (..., p. 101). Pois, neste sentido, o homem a “bloqueia”, em decorrência das regras e normas sociais (que condicionam o pensamento). Desta forma, perde-se a possibilidade de criar, através dos modelos preestabelecidos, que são apresentados ao longo da vida.
O Jogo Dramático busca levar o indivíduo a relaxar, a se soltar, liberando sua criatividade e espontaneidade. Isto é, “um meio de desentorpecer o corpo e a mente dos condicionamentos da vida atual” (BOAL, 1983, p. [s.l.].), de modo a não permitir a massificação dentro das chamadas conservas culturais. Nas instituições em geral, o primeiro contato acaba gerando um campo tenso. Dentre os objetivos, está a criação de um campo relaxado, para desenvolver uma liberdade de ação e de atuação dos indivíduos, possibilitando então, o resgate da sua espontaneidade criativa.
Na utilização do Jogo Dramático, podemos utilizar a comunicação não-verbal, assim, propiciando uma leitura mais precisa do indivíduo. Algo que se contrapõe, nesta perspectiva, a diferença entre sua comunicação digital e analógica, entre seu falar e seu agir. Contudo, é necessário que haja uma fusão, uma complementaridade coesa nesta díade.
O jogo dramático trata-se de uma atividade voluntária, tem regras específicas e absolutas, pois é preciso que haja aceitação de todos os participantes para a realização, com um tempo delimitado, de acordo com o que é proposto pelo diretor. Há um espaço que é o próprio contexto psicodramático, cujo faz com que os participantes se concentrem no jogo, desprendendo-se da vida real. Além disso, tem um objetivo específico, buscando identificar e resolver conflitos. ( YOZO, 1996)
As etapas do jogo psicodramático compreendem os seguintes critérios:
a - Aquecimento: Há duas fases: aquecimento inespecífico e específico.
1. Aquecimento inespecífico: inicia-se com o primeiro contato do Diretor com o grupo até a escolha do jogo Dramático e a apresentação de suas regras.
2- Aquecimento específico: ocorre dentro do contexto dramático, onde os participantes são preparados para a construção dos papéis. Em alguns Jogos Dramáticos, as regras podem ser caracterizadas nesta fase.
b- Dramatização: é o jogo dramático propriamente dito. É nesta etapa que, geralmente, o Diretor pode identificar o conflito.
c- Comentários: são os comentários feitos pelos participantes, após o jogo. O conflito também pode ser expresso nesta etapa.
d- Processamento: é a releitura da Dramatização e dos Comentários, processada pelo Ego- Auxiliar e Diretor, direcionando-os aos seus objetivos.
e- Processamento teórico: geralmente utilizado na Empresa e na Escola, enquanto método psicodramático, para a introdução de conceitos ou objetivos propostos. (YOZO, 1996, P.22)
Na vivência psicodramática teve como objetivo o Reconhecimento do Tu, onde o método de aquecimento Inespecífico utilizado foi a dinâmica do Siga o Mestre, onde um participante inicia com algum movimento, e os outros imitam. No Específico fizemos a atividade “O feitiço virou contra o feiticeiro”, em que consistia em escolher um participante do grupo, descrevendo seu nome juntamente com o “castigo”, e então ao recolher os papéis eram abertos pelo Diretor a pessoa que descreveu o castigo para o outro, acabava por cumprir o que desejou.
Na Dramatização, foi aplicado o jogo IMAGEM – AÇÃO ( imitar o outro) na qual foi escrito o nome de um participante em cada um dos papéis e sorteado, assim cada indivíduo teve que imitar o colega que estava descrito no mesmo e os outros buscar reconhecê-lo.
Ao finalizarmos esta vivência, fizemos um compartilhamento com o grupo, em que todos comentaram como se sentiram durante o processo psicodramático, tendo em vista a forma que cada um vivencio este momento. Tendo em vista que essa vivencia nos proporcionou um espaço para refletir à respeito das relações que estabelecemos com o outro, compreendendo este de maneira diferente.
No inicio da vivência, nos sentimos um tanto preocupados e ansiosos em função de que seríamos nós quem direcionaria o grupo, porém, como houve o auxílio da professora de sala no decorrer das atividades psicodramáticas, nos encorajou e permitiu com que tívessemos uma maior segurança em relação ao processo de condução do grupo dos participantes.
(Relato de Vivência Psicodramática elaborado em 2013, UNOCHAPECÓ, São Lourenço do Oeste).