Relação da Psicologia Social com o Estudo das Ideologias

19/06/2012 18:12

            Primeiramente, antes de falar sobre a relação entre a Psicologia Social e o Estudo das Ideologias, cabe aqui analisar a primeira, seu carácter como forma de atuação profissional, que no início dela e em seu desenvolvimento individual e empírico, e ao longo de suas teorias codificadas demonstram o quanto não havia “(...) a dimensão social e a dimensão crítica (...)”¹ enraizadas em sua essência. Somente a partir da década de 70 alguns autores começaram a incorporar o conceito e teoria de Ideologia em seus estudos e pesquisas, embora esse fenômeno já estava presente no momento em que se iniciou a pensar sobre a vida em sociedade.

            A supervalorização da ideologia atualmente é devido ao fato de nosso mundo contemporâneo estar se baseando cada vez mais acentuadamente numa realidade não-material, em uma linguagem mais verbalizada e com certo simbolismo impregnado. A ideologia é um campo amplo e embarcador de grande complexidade de significados.

            Entretanto, a ideologia, em seu sentido positivo (também chamado de neutro), é entendida como cosmovisão, ou seja, um conjunto de valores, ideias, ideais, filosofias ou crenças. Deste modo, é impossível algum indivíduo ou grupo não ter sua própria cosmovisão. Em contrapartida, a ideologia em seu sentido negativo (também dito como crítico), compreende-se ideias distorcidas, de indivíduos ou grupos, que “obscurece” a realidade e/ou engana as pessoas.

            Para Destutt De Tracy, ideologia é o estudo das ideias que, naturalmente, são reflexos do cérebro. Já para Lenin e Lukács, a ideologia é entendida como ideias, tais como de um grupo revolucionário. No entanto, para Mannheim, ideologia é tudo o que nós pensamos, pois é impossível não se deixar levar pela situação social em que alguém nasce e vive, identificando com o conhecimento. Como “todo conhecimento é condicionado, assim toda ideologia é condicionada”², o que seria correlacionável à concepção de Marx, onde as ideias de um grupo dominante impõe sobre os outros grupos ou classes sociais.

            Contanto, a ideologia pode estar atrelada às próprias instituições, como por exemplo, à escola, às fundações religiosas ou à própria família em si, consequentemente, algo materializado ou simbólico, como forma de manter as relações. O que define se um pensamento ou instituição, possui, de fato, uma ação negativa ou positiva é a forma como essa ação é praticada.

            O objetivo da ideologia “(...) seria também a produção e transformação das experiências vitais, na construção de subjetividades (...)”³, pois ela, de certa forma, compõe o homem como individuo. É a partir das subjetividades que constituem nossas relações que, em consequência, são influenciadas na constituição da nossa própria subjetividade.

           

 

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¹ = GUARESCHI, Pedrinho A. Psicologia Social Contemporânea. Brasil: 2003, p. 89.

² = GUARESCHI, Pedrinho A. Psicologia Social Contemporânea. Brasil: 2003, p. 91.

³ = GUARESCHI, Pedrinho A. Psicologia Social Contemporânea. Brasil: 2003, p. 92.


(Compêndio elaborado em 2012, UNOCHAPECÓ, São Lourenço do Oeste).

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