As Contribuições da Etnografia e da Cartografia como Métodos de Pesquisa em Psicologia

19/06/2012 17:16

           Para explicar as contribuições da Etnografia e Cartografia, com base nas Práticas de Observação realizadas no segundo semestre do curso de Psicologia, cabe a nós, enquanto acadêmicos na produção do conhecimento, analisar e examinar de forma minuciosa ambos os métodos, para que seja possível assimilar e compreender cada um dos quais, dentro de sua respectiva lógica.

            A Etnografia nada mais é que a coleta de dados de maneira sistemática e interativa entre os mais variados casos, assuntos ou eventos a serem tratados e explanados em suas especificidades subjetivas, de certo modo, permitindo atrelar informações fragmentadas e não-fixas, e dando a possibilidade de interrelacioná-los, diante da observação em questão.

            Na observação, o etnógrafo faz uso atento da percepção e aprende se entrosando e interagindo em um processo dinâmico com a realidade do contexto e os sujeitos e/ou objetos que permeiam essa realidade, levando em conta, em suma, a cultura predominante destes sujeitos como parte integral do todo ou de sua maioria. Essa realidade é caracterizada em observações nos locais naturais, comuns do cotidiano dos sujeitos ou objetos observados.

            Os fenômenos sociais são, assim, apresentados ou justificados em razões de suas relações com a realidade ou lugar em que estão inseridos, para que, de fato, seja possível entender e compreender suas manifestações, cujas são frequentemente coletivas.

            Em suma, a etnografia é um método utilizado para recolher dados precisos, baseando-se em contatos com a realidade onde se encontram inseridos. Assim, analisando os diferentes modos de organizar essa realidade.

           Já a Cartografia, busca seguir um processo, empenhando-se em estudá-lo e analisá-lo. Isso se faz muito presente no que diz respeito ao colhimento de dados, em que o cartógrafo tem de dar o máximo de atenção possível às informações e, podendo essa, ser focada em determinada situação ou elemento, ou genérica, em que a observação se faz de forma desfocal e dispersa, flutuante sobre o ambiente (“prestar igual atenção a tudo” [KASTRUP, 2007, p. 16]).

            A desfocalização possibilita a percepção de todo um aparato que ocorre no ambiente, não somente os assuntos conexos e sincronizáveis, mas também muitos outros que ocasionalmente estão incompletos e sem conexões “visíveis”.

            A medida do cartógrafo está baseada na consideração relevante dos dados e informações obtidos na observação como um todo, dando ênfase em absorção do conteúdo e seu sentido sem deixar de tomar notas por tendências de irrelevância de modo ou expressão influenciadas de si próprio. Neste caso, quando em observação flutuante ou desconexa, a atenção pode ser guiada por caracteres no trabalho prático cartográfico, como o rastreio, o toque, o pouso e o reconhecimento atento (KASTRUP, 2007, p. 18).

            O Rastreio é algo como estabelecer um objetivo, conduzir transformações em seus movimentos processuais. Por conseguinte, o Toque trata-se de uma sensação rápida, generalizando. Contanto, o Pouso significa certa estabilidade na percepção, enquanto isso, o ambiente se “bloqueia”, mudando então, o movimento tensional do cartógrafo. Neste sentido, o Movimento Atento caracteriza-se como um novo pensamento, uma nova visão ou reconhecimento cognitivo do olhar do próprio cartógrafo. 

            A cartografia é acompanhada de um amplo processo de formas, de um meio onde constatamos a existência de um ambiente natural radicalmente diferente, uma história diferente, com situações de diferentes culturas. 

 

 

Referências Bibliográficas

KASTRUP, Virgínia. revista: “Psicologia e Sociedade”. O Funcionamento da Atenção do Cartógrafo. Brasil, Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.

ROLINIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: estação liberdade, 1989.



(Artigo elaborado em 2012, UNOCHAPECÓ, São Lourenço do Oeste).